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Anjo da Noite 3 - A Origem - Capitulo 27

Capítulo 27 – A Origem


Eu estava correndo de volta pra casa quando Mellany apareceu do nada do meu lado.

_O que você faz aqui? Não disse pra ficar cuidando do Charlie e da Nicolle?_ eu disse.
_É que depois que você saiu Jack apareceu na escola e disse que já conseguiu quitar a divida... Não precisa mais de nós.
_Ah que bom.
_Ele disse que depois passa lá em casa pra nos agradecer.
_Fico feliz por ele.
_Mão ta tudo bem? O que tem de errado com o meu pai?
_Não sei... É o que pretendo descobrir. 

Agarrei a mão dela e começamos a correr juntas o mais rápido que podíamos... Eu estava muito preocupada com Joe, queria saber se ele estava bem. Em alguns minutos finalmente chegamos em casa... Eu abri a porta apressada e encontrei Dani sentada no sofá com uma expressão aflita no rosto, ver a cara dela não ajudou a me acalmar, só me deixou mais nervosa. 

_Dani? Cadê o Joe? _ eu perguntei apressada.
_Ele esta no quarto... Ta dormindo desde que chegou_ ela disse.
_Dormindo?
_É_ ela concordou.

Eu subi as escadas correndo sem me importar com mais nada... Quando entrei no quarto Joe estava jogado na cama, os olhos fechados e uma expressão cansada, eu sentei ao lado dele e segurei sua mão. 

_Amor?_ chamei_ Ta tudo bem? Fala comigo.

Ele abriu os olhos com um pouco de dificuldade e me encarou... Senti falta do sorriso em seu rosto, aquele que se abria toda vez que ele acordava e me via. Realmente tinha algo muito errado.
_Amor você ta bem? Qual é o problema?
_Não é nada, eu to bem_ ele disse baixo, com a voz cansada.
_Como esta bem? Olha pra você_ eu me exaltei.
_Ta eu não to bem_ ele disse rápido_ Eu não sei o que aquela mulher desgraçada fez comigo.
_O que você ta sentindo?
_Estou todo dolorido... Não consigo respirar direito... Estou fraco.
_Olha... Você vai ficar bem.

Eu senti que ele queria me dizer alguma coisa, mais apenas fez uma careta de dor e fechou os olhos... Eu percebi que ele não queria dormir... Estava com medo também.

_Por favor, não dorme_ eu implorei_ Não fecha os olhos. 
_Eu sei que eu prometi que não ia te deixar_ ele disse com dificuldade_ Mais...
_Sem mais_ eu o interrompi_ você vai ficar bem.
_Não_ ele gemeu. 
_Para com isso_ eu pedi_ ALGUÉM ME AJUDA.
_Demi...
_Faz alguma coisa_ eu pedi ao Nick que estava olhando da porta.
_Eu não sei o que fazer_ ele confessou aflito. 
_Joe meu amor... Abre os olhos... Fala comigo. 

Eu apertei a mão dele com força... Mais cada vez mais ele ia ficando mais sonolento... Foi ai que alguém entrou no quarto correndo... Era o Vitor, e a Dani vinha logo atrás dele.

_O que você faz aqui?_ eu perguntei.
_Eu tentei pará-lo_ Dani disse_ Ele não me ouviu. 
_Eu posso ajudá-lo_ ele disse.
_Eu não quero sua ajuda_ Joe resmungou fazendo careta. 
_Se você não quizer que ele morra deixa eu ajudar_ ele disse pra mim em um tom sério. 

Eu olhei pro Joe jogado na cama, se contorcendo de dor... E olhei pro homem parado na porta com um ar impaciente, eu não sabia nada sobre ele mais sentia que podia confiar... Confiar a vida do Joe nas mãos dele, eu não tinha escolha.

_Ajuda ele_ eu disse agoniada.
Vitor sorriu pra mim... Ele se aproximou e sentou na outra beirada da cama ao lado de joe e segurou a gola da camisa dele, o fazendo sentar.

_Me solta_ Joe reclamou, mais não tinha força pra discutir com ele. 
_Olha pra mim_ Vitor ordenou_ Se você não quizer morrer e deixar sua mulher e sua filha sozinhas, para de reclamar.

Joe não respondeu, só abaixou as mãos e eu percebi que uma lágrima descia por seu rosto... Eu não me agüentei e comecei a chorar também. Mesmo com os óculos escuros Vitor prendeu o olhar do Joe, e agora ele parecia não conseguir fechar os olhos. Vitor pos a mão na cabeça do Joe e parecia muito concentrado... O corpo do Joe foi ficando mole, e a única coisa que o impedia de cair era o fato de Vitor o estar segurando pela roupa. Eu olhei pros dois aflita, sem saber o que estava havendo.

_Vitor...
_Shh_ Nick me segurou, impedindo que eu me aproximasse. 

Um minuto depois Vitor soltou a camisa e Joe caiu na cama desacordado... Então ele levantou da cama. Eu corri por lado de Joe e segurei a mão dele.

_Joe fala comigo_ eu pedi e me virei pro Vitor_ o que você fez?
_Ele vai ficar bem... Vai acordar daqui uns cinco minutos. 
Então ele deu as costas e saiu do quarto.
_Não deixa ele ir embora_ eu falei e Nick saiu correndo atrás dele. 

Eu me virei pra olhar o Joe que continuava desacordado... Meu coração estava apertado e eu não me sentiria melhor enquanto ele não acordasse e sorrisse pra mim. Exatos cinco minutos depois ele abriu os olhos devagar... Me encarou durante um segundo e então sorriu... Então finalmente eu pude respirar aliviada. 

_Oi_ ele disse meio sem jeito.
_Oi_ eu sorri aliviada_ você ta bem?
_É... Eu acho que sim.
_Ta sentindo alguma dor?
Ele ponderou isso por um instante e então se sentou na cama com facilidade e sorriu.

_Não... Estou ótimo, não dói mais. 
_Graças a Deus_ eu o abracei. 
_Eu prometi a você lembra?_ ele sussurrou em meu ouvido_ ta tudo bem.
_Você me deixou tão preocupada.
_O que houve?_ ele quis saber_ eu me lembro do Vitor entrar aqui e... 
_Ele te curou.
_Como?
_Não sei... Mais ele salvou sua vida... E eu quero saber como. 
_Ele ta lá em baixo... Nick o barrou antes que fugisse_ Dani que estava escorada na porta falou.
_Eu vou falar com ele_ eu disse.
_EU vou com você_ Joe se levantou da cama.
_Não quer ficar descansando?
_Não... Eu estou ótimo. 

Ele segurou minha mão e descemos as escadas juntos... Vitor se levantou do sofá e sorriu pra mim, mais era um sorriso nervoso, ele estava querendo disfarçar alguma coisa. Todos estávamos reunidos na sala e eu tinha um mal pressentimento sobre isso. Joe parou atrás de mim e me abraçou protetoramente. 

_Será que você pode explicar o que foi aquilo?_ eu pedi. 
_Nada demais_ ele tentou desconversar mais não ia ser tão fácil. 
_Como nada demais? O Joe estava morrendo e você chega do nada e cura ele... Como você fez isso? Como sabia o que fazer? Aliás, o que aquela mulher fez com ele?_ eu exigi saber. 
_Como você já deve ter percebido... Mary tem poderes, dons assim como você. Um desses dons é bem perigoso... É como se ela envenenasse você, o deixa fraco, e você agoniza até morrer. Só o que fiz foi reverter o que ela fez. 
_E como você sabia disso? Como pode fazer isso?
_Demi...
_Demi nada... Eu mereço uma explicação_ falei irritada_ Você aparece do nada, se mete na nossa vida, fala coisas sem sentido e faz coisas sem explicação... Daí quer que eu ignore? Eu exijo uma explicação agora.
_Tudo bem_ ele concordou_ não era assim que eu queria te contar.
_Me contar o que?
Depois de um segundo me encarando ele levantou a mão e tirou os óculos... Eu nunca havia visto os olhos dele, mais concerteza não era isso que eu esperava, meu queixo caiu... Os dele eram iguais ao daquela mulher... Iguais aos meus. 

_Eu sou seu pai Demi_ ele sussurrou, parecia estar se contendo pra não chorar.
_Como é?_ aquilo devia ser alguma brincadeira de mau gosto. 
_Você realmente não se lembra né? Não notou a semelhança entre nós dois? Não só os olhos mais a aparência. Os dons.
_Você não pode ser o meu pai... Isso é loucura... Você... _ eu não conseguia mais falar. 
_Onde você esteve esse tempo todo?_ dessa vez foi Joe que falou_ Se isso é verdade porque não disse antes? 
_Eu te procurei em tudo que é lugar... Mais eu não consegui te encontrar.
_Você me abandonou_ eu disse em tom de acusação, mais pareceu outra coisa.
_Não_ uma lágrima desceu pelo rosto dele ao mesmo tempo em que a minha_ Era seu aniversário de cinco anos, sua mãe estava preparando uma recepção pros amigos, pra mostrar a todos como tinha orgulho de você. Eu insisti em te levar pra caçar... Queria que você aprendesse a se alimentar sozinha, ela não queria deixar, não queria sujar seu vestido branco.

Eu gelei no lugar, esqueci como se respirava... Ele sabia sobre o vestido, aquilo não era possível, não estava certo. Todos estavam ouvindo atentos e senti o abraço do Joe ficar mais apertado, mais protetor. 

_Depois de muito insistir ela resolveu deixar e eu te levei pro meio da selva_ ele continuou_ Nós fomos atacados por um grupo de humanos e eu mandei você fugir, não queria que se machucasse. Foi o pior erro que cometi porque você nunca mais voltou. 
_Porque você não me procurou?
_Eu te procurei durante um ano inteiro... Não te achei em lugar algum. Então sai do pais, achando que talvez você não estivesse mais aqui... Nunca parei de te procurar. Então eu voltei pra visitar minha antiga casa e te vi parada aqui, com aquele cordão no pescoço, mais você não se lembrou de mim... Não soube o que fazer. 
_Você podia ter me falado...
_Eu não sabia como... Mais no fim das contas você acabou voltando pra casa_ ele deu um meio sorriso.
_Como assim?
_Essa casa aqui, era onde morávamos quando você era criança... Abandonei ela quando não te encontrei.
_Eu nunca entendi como você achou essa casa_ disse Selena pensativa e então eu me lembrei...

Eu, Selena e Nick corríamos pela floresta, apostando corrida como fazíamos todos os dias... Mais eu parei de repente, achando aquilo familiar.

_O que foi?_ Selena perguntou_ porque parou?
_Esse lugar... Parece familiar.
_Nunca estivemos aqui antes_ Nick afirmou.
_Mais eu acho que já estive aqui_ falei. 

Continuei a andar pelo meio das árvores até ver a casa... Grande, bonita, parecia abandonada. Nós três entramos pra explorar o lugar. 

_Essa casa é incrível... Quem será que morava aqui?_ Selena perguntou fascinada.
_Não sei... Mais podíamos reformar_ eu sugeri_ fazer desse lugar um refugio.
_Um segredo nosso?_ ela sorriu.
_É... Nossa casa secreta.


_Agora faz sentido_ Nick disse. 

Eu tentei ignorar todos os sentimentos confusos dentro de mim... Tinha tantas emoções ao mesmo tempo e tantas perguntas que eu queria fazer... Mais a mas importante me veio a cabeça na hora.
_Jennifer é minha mãe?_ eu quis saber. 
_Não... Me casei com ela depois de me separar de sua mãe.
_Quem é então?_ mais eu já sabia a resposta.
_Mary_ ele sussurrou_ Ela me culpou pelo seu sumiço, ficou obcecada com a ideia de te encontrar e enlouqueceu quando não conseguiu... Não havia mais como eu estar ao lado dela. 
_Não pode ser_ eu sacudi a cabeça, aquela mulher não podia ser minha mãe.
_Foi só por isso que fiquei aqui... Por que a vi. Fiquei com medo que ela fizesse alguma loucura ao te encontrar. Fiquei surpreso por ela não ter te contado a verdade. 

Meu coração parou de bater e eu não conseguia respirar... Senti meu corpo fraquejar e a única coisa que me manteve de pé olhando pra ele foi os braços de Joe em minha cintura, impedindo que eu fosse ao chão, me protegendo dessa loucura toda.

_Eu sinto muito Demi_ ele disse agoniado_ eu queria que tivesse sido diferente mais eu não fiz por mal. Eu nunca desisti de te encontrar. Você pode me perdoar?
_Eu... _ não adiantava, a minha voz não saia.
_Eu posso te dar um abraço?_ ele pediu e estendeu os braços na minha direção. 

Eu não sabia se queria isso, se queria abraçá-lo ou chamá-lo de pai... Eu não sabia o que deveria sentir em relação a tudo isso... Eu não sabia de mais nada.

_Ta tudo bem meu amor_ Joe sussurrou em meu ouvido, eu não olhei em seu rosto mais eu podia sentir que ele estava sorrindo, ele estava feliz por eu ter conseguido o que queria_ Não era isso que você queria? 

_Eu não sei_ sussurrei.
_Não tem que se preocupar... Ta tudo bem_ ele deu um beijo em meu pescoço.
Eu senti ele afrouxar o abraço com muito cuidado... Eu dei um passo a frente bem devagar e ele me acompanhou, ainda m segurando, tendo certeza de que eu não fraquejaria... Então suas mãos sumiram da minha cintura e foram substituídas por braços frios... Eu abracei o Vitor, deixando as lágrimas traiçoeiras descerem desesperadamente. Ele era meu pai.

_Pai_ eu sussurrei em meio as lágrimas.
_Ta tudo bem filha_ ele sorriu e me apertou mais_ eu to aqui com você. 

Eu não sei por quanto tempo ficamos assim, mais eu me senti segura em seus braços, como se nada pudesse me atingir... E aos poucos a confusão foi dando lugar a uma alegria que eu nunca imaginei sentir... Meu pai, ele era meu pai e estava ali comigo. 

_Acho que temos muito que conversar_ ele disse.

Depois que consegui me recompor, todos ficamos reunidos na sala... Ele explicou a todos nós detalhadamente a minha historia, o dia que eu sumi... Como minha mãe enlouqueceu... E como era antes de tudo isso acontecer. Enquanto ele falava as lembranças voltavam a minha cabeça, como um filme. Eu também contei a ele sobre minha vida e passamos horas assim. Até que ele teve de ir embora, prometendo voltar pra esclarecer mais coisas... E eu me senti feliz, senti que o buraco dentro de mim ia sumindo aos poucos.

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