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Anjo da Noite 5 - A Vingança - Capitulo 4

Capítulo 4 – Culpa


Eu estava novamente naquela mesma floresta... Estava escuro, a única iluminação vinha do luar. Mais dessa vez algo estava diferente... Joe estava lá, com sua calça jeans surrada, sem camisa, perfeitamente lindo como sempre... Em seu rosto estampado aquele sorriso que me tirava o fôlego, que fazia meu coração saltar. Ele estendeu as mãos me convidando.
Dei um passo à frente querendo me juntar a ele... Mais senti seu cheiro estupidamente bom, tentador. E ao invés de correr pra abraçá-lo, eu estava correndo pra atacá-lo. Não pude me conter... E ele não fugiu de mim, ficou lá, perfeitamente imóvel, enquanto eu saltava em seu pescoço e tirava sua vida.

Acordei de repente sobressaltada... Novamente, meu coração batia loucamente, eu estava suado, embora isso fosse quase impossível devido à temperatura de minha pele. Senti lágrimas se formarem em meus olhos, enquanto entendia que tudo não passara de um pesadelo... Outro terrível pesadelo. 

_Demi?_ a voz suave chamou... A preocupação evidente em sua voz. 

Olhei pra cima ainda assustada por meu pesadelo... Joe estava parado, no pé da cama, me encarando preocupado... Minha expressão não devia ser das melhores. Eu respirei fundo, tentando me acalmar... Mais a ação teve o efeito contrário... Assim que senti seu cheiro à dor na minha garganta voltou... A sede. Porque aquilo estava me incomodando tanto?

_Você ta bem?_ ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz. 
Eu não consegui responder... Só fiquei encarando ele. Eu estava bem?
_Demi fala alguma coisa_ implorou.
Ele deu um passo em minha direção, se aproximando com cautela.
_Fique ai_ ordenei, erguendo a mão pra que ele parasse.
Prendi a respiração esperando que isso diminuísse a agonia, mais adiantou muito... Eu podia me lembrar do cheiro delicioso, do gosto maravilhoso de seu sangue... Eu podia ouvir seu coração bater, muito convidativo. Eu estava louca. 

_Demi... Fala comigo_ ele pediu.
_Eu matei aquele homem_ sussurrei_ eu o matei. 
_Demi, ele era um bandido...
_Ele era uma pessoa_ rebati_ um ser humano.
_Que era um idiota... Podia ter machucado várias pessoas, tentando outros roubos... Podia matar alguém... Ele mereceu morrer_ Joe disse irritado. 
_Merecia... Mais não era eu que devia ter feito isso_ abaixei a cabeça.

Eu escondi o rosto nas mãos... Era minha natureza, matar pessoas, ser uma assassina. Mais eu lutava tanto contra isso que cometer um deslize desses era terrível pra mim... Inaceitável. 
Enquanto as lágrimas desciam, senti que Joe se aproximava mais... Eu queria pedir que ele se afastasse mais fiquei calada, tentando manter a calma... Aquilo não era o fim do mundo... Não era a primeira vez que eu fazia isso, o que não mudava é claro o fato de que foi horrível. Suspirei. 
Senti que Joe sentara na cama e agora erguia a mão na minha direção.

_Não me toque_ ordenei ainda com a cabeça escondida nas mãos.
Ele suspirou impaciente... Mais eu precisava estar calma, não queria voar em cima dele. 
_Demi, por favor...
_Só preciso de um instante_ sussurrei tentando acalmá-lo. 

Ele ficou quieto esperando... E quando ergui os olhos pra encará-lo estava mais tranqüila. A minha garganta ainda queimava, mais eu podia me controlar. Só não esperava ver a marca enorme no braço dele... Estava quase sumindo, mais ainda era visível, as marcas da minha unha. Ele percebeu minha expressão enquanto encara seu braço.

_Não faz essa cara_ ele pediu_ eu não sinto nada. 
_Mais eu...
_É sério Demi_ ele me interrompeu_ não senti nada.

Ele pareceu intrigado com aquela afirmação... E eu também, porque um machucado daquele tamanho, mesmo que ele seja um lobisomem era pra doer pra caramba. Então... Como ele não sentiu nada?
_Desculpe_ pediu_ eu não sei o que me deu... Não pude me controlar.
_Tudo bem, acontece.
_Não, não acontece... Eu não perco o controle desse jeito_ rebati novamente irritada, essa mania dele de querer me livrar da culpa era extremamente irritante. 
_Para com isso, por favor, Demi, ficar se culpando não vai mudar o que aconteceu... Já passou... Chega. 
_Você não estaria tão calmo, se eu tivesse cravado meus dentes no seu pescoço_ fiz careta.

Ele bufou inconformado com minha raiva... Mais era inaceitável que eu matasse uma pessoa e ainda quase matasse a ele. Calma, Demi... Respira_ lembrei a minha mesma_ não, não respira não... Não é uma boa ideia.
Joe ignorou quando rosnei pra ele e veio se sentar ao meu lado, me abraçando... Outra coisa irritante nos lobisomens (especialmente Joe) é que eles não tem amor à vida. Pensam que são indestrutíveis... Besteira. 

_Seria muito bom se eu tivesse mordido mesmo você... Talvez assim deixasse de ser maluco e ficasse longe mim.
_Acha mesmo que ia me fazer mudar de ideia tão fácil?_ ele perguntou sorrindo_ não tenho medo de você sanguessuga... Nunca tive. 
_É... Como eu disse, você é louco. 
_Que novidade_ revirou os olhos e me fez rir. 

Ele sorriu docemente pra mim e segurou meu rosto delicadamente, como se eu fosse algo quebrável, ele também ignorou quando tentei me esquivar dele e me beijou calmamente. Aquilo fez minha garganta arder... E tive de me conter pra não mordê-lo, era muito difícil.
Mais ai, ouvimos um barulho no corredor e ele se afastou de mim gentilmente... Continuou me abraçando de lado enquanto Ramon e Mad entravam correndo no quarto e se jogavam na cama no meio de nós. 

_Tia Dems... A senhora ta bem?_ Mad perguntou.
_To sim linda_ eu lhe garanti com meu melhor sorriso.
_Quando eu vou poder ir nas missões com vocês?_ Ramon perguntou.
_Quando você crescer_ Joe respondeu.
_Eu já sou grande_ ele fechou a cara. 

Nós rimos e Dani entrou no quarto correndo com uma cara de espanto... Eu tive que rir da expressão dela.
_Desculpa, eu tentei impedi-los_ ela disse.
_Ta tudo bem_ eu sorri de lado. 
_Pestinhas_ ela fuzilou os dois com o olhar e eles caíram na gargalhada.
_Espera_ eu disse de repente alerta_ o que houve com a chave?

Eu olhei pra baixo e notei que estava a penas de lingerie? Eu tinha perdido a chave que roubara de William? Era só o que faltava. Antes que eu tivesse tempo de entrar em desespero Joe me acalmou.

_Calma... Miley e Nick pegaram à chave e foram terminar o trabalho_ ele disse.
_Ah... E o que houve no banco?_ questionei.
_O caso ta passando na TV_ Dani disse_ a policia prendeu três dos bandidos e ninguém se feriu.
_E... O cara que eu matei?_ exitei em perguntar.
_Liam e Selena voltaram ao banco e sumiram com o corpo... A policia ainda demorou a invadir depois que saímos.
_Ninguém os viu? 
_Não... Eles foram cautelosos_ Joe garantiu. 

Eu suspirei aliviada, abraçando Mad mais apertado... Pelo menos tudo tinha dado certo no final. Eu não tinha estragado o trabalho e nem beijado aquele humano estúpido atoa. 

_Bom, vamos deixar a tia Demi descansar_ Dani disse.
_Mais agente quer que ela conte como matou o bandido_ Mad fez bico.
_Ela faz isso outra hora_ insistiu.
_Hum... Ta bom_ Mad concordou irritada e saiu do meu colo. 
_Saco_ Ramon bufou_ não vejo a hora de me transformar. 

Ele saiu do quarto resmungando e eu cai na gargalhada... Joe só ficou me olhando enquanto eu ria, de um jeito que me deixou um tanto envergonhada.

_Para de me olhar assim_ eu falei irritada_ já disse que não gosto.
_Assim como?
_Assim_ apontei pra cara dele. 

Ele começou a rir ainda me encarando... E eu me perguntei o porquê daqueles meus pesadelos. Pois em todos eles Joe morria. 
O sorriso que tinha em meu rosto sumiu enquanto me lembrava disso e ele também parou de rir.
 _Qual o problema?_ questionou.
_Me promete uma coisa?_ pedi.
_Claro... O que foi?
_Promete que vai tomar cuidado_ sussurrei_ que não vai deixar ninguém te machucar... Nem mesmo eu. 
_Porque ta falando isso?_ me olhou confuso.

Eu fiquei em silencio... Abaixei os olhos até a marca em seu braço. Já havia sumido... Nem sinal de que existira. Mais podia ter sido pior, e eu estava com uma sensação muito ruim.

_Tem haver com esses seus sonhos não é?
_São só sonhos Joe_ eu olhei em outra direção. 
_Você pensa que me engana... Mais eu te conheço bem. Se você acreditasse mesmo que são só sonhos não estaria com essa cara agora_ falou um tanto irritado.
_Desculpa_ disse igualmente irritada, minha voz aumentando aos poucos_ desculpa se minha preocupação te irrita... Desculpa se eu tenho medo de perder você de novo.

Joe Narrando

Ela estava aflita enquanto me olhava... Eu tentava entender a agonia dela, mais era difícil, ela não me dizia o que via naqueles sonhos... Mais... Será que eram apenas sonhos? 
Até onde pude entender, eu me ferrava nesse pesadelos dela... Isso não era bom. Mais se fosse isso eu podia entender seu nervosismo. Mais eu sentia que tinha algo a mais que ela não queria me contar. 

_Não vai me acontecer nada_ eu garanti a ela.
_Como pode ter certeza? 
_Não tenho_ dei de ombros e ela revirou os olhos_ Me diga amor... Quantas vezes eu já morri ou quase morri e ainda estou aqui com você? 
_É diferente... Só porque não morreu das outras vezes, não quer dizer que não vá morrer agora_ bufou.
_Você é pessimista em?_ eu ri.

Eu estava tentando amenizar o clima ruim, tentando fazê-la relaxar... Mais ela ainda estava alerta e tensa, os olhos ferozes. 
Eu reconhecia aquele brilho em seus olhos... Era o brilho da sede.
_Acho melhor você me deixar sozinha_ ela disse se agarrando a uma almofada.
_Esta querendo se livrar de mim?_ zombei.
_Estou tentando não voar no seu pescoço Joe, não abusa_ ela ainda estava irritada.
_Como se você nunca tivesse feito isso antes_ eu ri.

Eu estava claramente irritando ela cada vez mais... Apesar de perigoso era engraçado ver a cara dela. Eu puxei a almofada do seu colo, e a puxei pra mim... Ela tentou fugir, levantar da cama... Nós dois começamos a rir quando eu a puxei de volta e a joguei na cama. 
Eu a beijei calmamente... Ela correspondeu apesar do mau humor, mais depois de um breve instante senti que ela me empurrava pra longe.

_Desculpa, desculpa_ ela pediu aflita.
_Desculpa pelo que?_ a olhei sem entender.
_Como pelo que?_ disse entredentes, me encarando assustada.
_Porque esta se desculpando?
_Eu te mordi_ ela fez careta.

Eu a encarei confuso um instante antes de me virar e olhar no espelho... Realmente ela tinha mordido minha boca... Não era grande coisa, ela já fizera isso milhares de vezes. A questão era... Eu não senti nada... Mais uma vez.

_Você não sentiu não foi?_ perguntou ainda entredentes, estava prendendo a respiração.
_Não_ passei a língua na boca, limpando o sangue.
_Porque você não sente?
_Não sei_ confessei confuso.

Eu não sentira nada hoje de manhã quando ela enterrara as unhas em mim... Não senti a noite quando ela rasgou meu braço e não senti agora quando me mordeu. Era até bom não sentir dor... Mais alguma estava errada. 

_Não entendo_ confessei me olhando no espelho. O pequeno machucado já havia sumido.
_Acho melhor você me deixar aqui Joe_ ela pediu.
_Tudo bem.

Dessa vez eu não discordei... Só me levantei e sai do quarto a deixando sozinha.

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