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O Que Você Quiser - Capitulo 38

Capítulo 38

“Nós temos alguma ideia de onde estamos indo?” “Nenhuma pista. Mas eu acho que o consenso geral é de que nós não podemos ficar aqui”.  Eu fiz uma careta para Wilmer que estava ao meu lado.  “Você está bem?” Nós estávamos próximos de uma das enormes vans preta que estavam em frente ao que tinha sobrado da cabana. Na luz fraca, eu podia ver uma linha de suor escorrendo pelo rosto de Wilmer. Sua pele pálida brilhava na escuridão, e ele estava se inclinando fortemente contra o capô da van. “Sim, Estou bem como a chuva”. Ele olhou para mim. “Ao menos eu não virei um aleijado”. Eu corei, remexendo minha muleta.  “Você me puxou para fora?” Eu perguntei, ignorando seu sarcasmo. “O máximo que eu pude”. Com uma mão, ele gesticulou vagamente para meu tornozelo. “Você pode colocar algum peso nele?” Eu me endireitei e lentamente coloquei o pé machucado no chão. A dor ainda estava lá, mas não tão grande como antes.  “Um pouco”, respondi, levantando-o para cima e descansando novamente sobre as muletas. “É um bom sinal. Talvez seja uma distensão, ou apenas uma contusão causada pela viga”. Ele ficou em silêncio, algo que ele não fazia com frequência.  “Você realmente não parece estar bem”, eu disse, minha testa franzindo em preocupação. Wilmer foi salvo de dar uma resposta quando Marie e Joe voltaram. Debrucei-me contra Joe enquanto ele olhava para
seu irmão. Seu abraço em volta dos meus ombros estava apertado, e apesar de estar agradecida por sua presença, a tensão me dizia que ainda tinha muitas coisas que precisávamos conversar. “Nós temos dois carros prontos para ir”, Marie disse, abrindo a porta de passageiro ao meu lado. Os Agentes haviam desativado as luzes do interior do carro para evitar identificação, mas ela iluminou o interior com uma lanterna, como se para fazer uma última varredura. “Um dos nossos foi danificado na explosão e meus homens estão trabalhando nisso agora, mas nós precisamos deixar nossos feridos em segurança”. “Ele poderá nos rastrear, não importa se deixaremos as luzes ligadas ou não”. “É um risco que temos que correr. Eu tenho homens machucados e Demi pode estar com o tornozelo quebrado. Ela certamente não poderá correr se acontecer outro ataque”. Eu fiquei levemente irritada, sem apreciar o fato de ter minha condição usada para obter alguma cooperação de Joe, mas ele assentiu.  “Está van será para quem estiver ferido, nós já tiramos os bancos traseiros”. Marie assentiu e fez um gesto em direção à escuridão. Várias pessoas saíram. Alguns se apoiando em outros enquanto eles mancavam em direção ao veiculo. Um por um eles foram carregados para dentro da van, um silêncio pairava no ar, exceto por um suspiro ocasional ou um gemido de dor. Eu inclinei minha cabeça para o braço de Joe, mas ele se afastou e abriu a porta de passageiro.  “Aqui, vamos colocar você para dentro”.
Eu deixei que ele me ajudasse a sentar, e ele colocou a muleta no meu colo.  “Você vai dirigir?”, perguntei, enquanto puxava meu cinto de segurança. Ele não respondeu imediatamente, ao invés disso abriu a porta de correr ao lado.  “Venha me ajudar”, ele disse bruscamente ao seu irmão, enquanto as pessoas se aproximavam. “Joe”, eu disse com uma voz firme, “Você está vindo conosco, não está?”. “Não parece”, Wilmer disparou sem se mover do seu lugar contra o capô. Seus dentes brilhavam na escuridão. “Meu palpite é que ele vai ficar para trás e bancar o herói novamente”. Não! Eu olhei para Joe, mas estava muito escuro para ver sua expressão. “Isso é verdade?” perguntei, minha voz firme. Quando ele continuou sem responder, eu estendi a mão e agarrei sua manga.  “Você vai ficar aqui?”.  "Só por pouco tempo." As palavras pareciam arrancadas dele, como se ele não tivesse a intenção de me contar. "Eu vou ajudar com o terceiro carro e estarei bem atrás de você." "Quanto tempo vai demorar?" "Não deve demorar muito. Mas temos mais feridos que precisam ficar em segurança. Eu estarei bem atrás de você." Eu quero ficar com você.  As palavras ficaram presas na minha garganta enquanto minha respiração ficava irregular, a ansiedade ameaçando tomar conta de mim. A ideia de implorar ia contra cada aspecto do meu ser, mas naquele momento, era a única opção que eu podia imaginar. Eu, no entanto, mantive meus lábios apertados,
olhando para ele em silêncio, enquanto o observava ajudar a colocar as últimas pessoas no carro.  “E o outro carro?”, perguntei. “Era muito pequeno para caber mais pessoas, e também está carregando a maioria dos equipamentos remanescentes. Os dois carros estarão pegando rotas diferentes para casa, em caso de estarmos sendo seguidos, mas devem chegar ao mesmo tempo”. Ele fechou a porta e se inclinou contra a janela aberta. “Nós vamos pegar o outro carro que está a caminho, e encontraremos vocês no destino final”. Algo me dizia que ele não ia mudar de ideia, e isso me fez querer agarrá-lo bem forte. Por aqui era muito perigoso; quem sabia o que se escondia nas sombras. Mas eu engoli as minhas dúvidas e medos, sabendo que eles não iriam ajudar, e coloquei uma mão trêmula contra sua bochecha.  “Tenha cuidado”. Ele pegou minha mão e beijou a palma. De perto, eu podia ver a aprovação e gratidão nos seus olhos, como se ele estivesse orgulhoso da minha resposta. Eu corri meus dedos pelo seu rosto, memorizando as texturas e formas, então relutantemente puxei minha mão para dentro. Eu queria chorar e argumentar, implorar e pedir, mas não adiantaria nada a não ser me fazer parecer patética. Engolindo meus medos, eu puxei minha mão para o carro e sentei de volta no assento, mordendo o interior da minha bochecha para não chorar. “Vamos Wilmer”, Joe disse, sinalizando para que seu irmão o seguisse. Wilmer se moveu contra o capô. 
“Eu...” Ele parou sua cabeça virando para pegar meu olhar através do para-brisa. “Eu não acho que consigo”. “O quê...” Eu dei um grito estrangulado quando Wilmer deslizou para o lado e caiu na frente da roda. Imediatamente, Joe estava ao lado dele, e eu espichei o pescoço para fora da janela para ver o que estava acontecendo. A respiração de Wilmer estava superficial, e ele deu um pequeno gemido quando os dedos de seu irmão pressionaram seu abdômen. Joe levantou sua camisa e, mesmo na luz fraca, eu podia ver os hematomas escuros ao longo da sua barriga. “Seu idiota arrogante”, Joe resmungou enquanto Marie sinalizava para que dois Agentes viessem ajudar, “porque você não disse a ninguém que estava ferido? Isso parece ser hemorragia interna”. “É isso que é?” Wilmer perguntou baixinho enquanto três homens se posicionavam para levantá-lo e coloca-lo na van. Eu não poderia dizer se era uma pergunta séria, mas sua voz fraca me assustou. Ele foi levantado cuidadosamente e colocado dentro da van, no banco atrás de mim, o único que havia sobrado dentro da van. Eu me virei no meu assento o máximo que meu cinto permitia e atrai o olhar de Wilmer. Ele me deu um sorriso fraco e um pequeno aceno. “E ai, docinho?”. Marie subiu no banco do motorista e deu partida na van. As portas se fecharam e Joe deu um passo para trás. Na nossa frente, eu vi o segundo carro sair da garagem, rapidamente sendo engolido pela escuridão. Nenhum dos carros estava com os faróis ligados, e eu estava pensando como os motoristas iam dirigir até que vi Marie colocar um par de óculos de visão noturna sobre seus olhos.
“Vamos lá”. Eu assisti impotente enquanto a van seguia caminho. Afastando rapidamente da escassa luz da cabana. A figura de Joe também foi engolida rapidamente pela escuridão, e eu virei para a frente. Meu peito apertou e eu engoli minhas lágrimas. As memórias voltaram para o terrível dia que meus pais morreram. A policia me ligou várias horas depois para me contar do acidente, e eu tinha dirigido sozinha até o hospital para identificar os corpos. De jeito nenhum eu iria fazer isso de novo; eu perderia a cabeça se isso acontecesse com Joe. “Então, você é originalmente do Canadá?”. A voz de Marie cortou o silêncio, me fazendo voltar para o presente. Eu olhei na direção dela, e então de volta para a escuridão na minha frente.  “Quebec, na verdade”, murmurei, limpando a garganta. “Nos mudamos quando minha avó faleceu e deixou pra nós sua casa em New York”. “Ah, franco - canadense. Eu tenho uma irmã em Montreal”. Eu sabia que ela estava tentando manter alguma conversa, mas eu não estava no clima. Girando um pouco no meu assento, eu estiquei meu braço para trás em direção ao assento atrás de mim, procurando cegamente por Wilmer. Quando eu encontrei seu cotovelo, deslizei minha mão para cima até que estivesse segurando seus dedos. Dei um pequeno aperto neles, e fiquei grata quando ele retribuiu o gesto.  “Porque você não nos disse que estava ferido?”. “Foi mais engraçado ver seu rosto quando eu caí. Eu queria estar com uma câmera”.  Eu bufei. 
“Se você não estivesse com ferimentos internos, eu bateria em você”. “Vá em frente, duvido que agora faria muita diferença”. Suas palavras estavam tensas, e eu agarrei sua mão com mais força.  “Marie”, perguntei com uma voz trêmula, “Falta quanto para chegarmos?”. “Nós estaremos lá o mais rápido possível”. Dirigimos em silêncio, a estrada parecendo eterna. Dois Agentes estavam na parte de trás com ossos quebrados; eu podia escutar eles gemendo enquanto passávamos pelos buracos na estrada, mas eram os gemidos de Wilmer que faziam meu coração doer. Marie então tirou os seus óculos e ligou os faróis quando chegamos na estrada principal. Meu tornozelo latejando era um pensamento distante na minha mente enquanto eu contava as milhas até paramos.   
Já estava claro lá fora quando nós chegamos a um hospital próximo a Londres. Uma equipe médica escoltada por Agentes saiu do prédio, se movendo diretamente para a nossa van. Eu saí do carro, os músculos rígidos depois da longa viagem. Descartando uma cadeira de rodas que haviam trazido para mim, assisti Wilmer ser colocado em uma maca. Eu manquei atrás dos médicos que o levavam para dentro, mas fui impedida de entrar com ele no elevador.
“Ele vai para a cirurgia”, Marie disse quando tentei passar por ela. “A partir daqui são apenas os médicos”. Diminui o passo, assistindo impotente enquanto as portas se fechavam.  “Ele vai ficar bem?” “Quem pode dizer, mas esses médicos vão fazer o melhor que eles puderem”. Ela indicou meu tornozelo. “Você deveria pedir para alguém examinar sua perna”. Para tentar provar que ela estava errada, flexionei meu pé colocando-o no chão. Doeu na parte que estava inflamada, e apesar da dor ainda ser grande já não era mais tão insuportável. “Estou bem. E Joe e os outros agentes?”. “Seu grupo informou a trinta minutos atrás que eles estavam na estrada vindo para cá”. Meus ombros caíram, a respiração que eu não tinha percebido que estava segurando tomou conta do meu corpo. Eu não me sentiria segura até que Joe chegasse, mas era bom saber que ele estava a caminho. “Nós nunca tivemos a oportunidade de falar plenamente sobre o que aconteceu com você depois que você saiu de Londres. Talvez, possamos conversar?”. A Agente estava quase sendo simpática, e eu olhei para ela desconfiada.  “Nós estávamos algemadas e sob guarda a última vez que conversamos”. “Vocês tinham acabado de aparecer em um lugar protegido, no meio de uma grande operação. Então, nós estávamos, compreensivelmente um pouco desconfiados”. Direto ao ponto. 
“Eu vou falar tudo o que você precisa saber”, eu disse e então suspirei. “Estou mais do que um pouco cansada de aventuras neste momento, pronta novamente para uma vida chata”. “Cuidado com o que você deseja, pode não ser possível depois do que você passou. Embora eu certamente entenda esse sentimento, você se apaixonou por alguém que pode nunca te dar a paz desta forma”. “Não brinca”, murmurei, mas um dos lados dos meus lábios inclinou-se. “Você tem algum lugar aonde eu possa apoiar o meu pé?”. Marie não teve tempo de responder antes que um jovem Agente chegasse correndo até ela.  “Nós os achamos”, disse em uma voz apressada. “Quem?”. “A família do Agente Sanders. Sua esposa ligou de um orelhão a menos de uma milha de distância perguntando pelo marido dela. Nós estamos trazendo ela aqui agora”. Os lábios de Marie se apertaram em uma linha sombria.  “Ao menos algumas pessoas saíram dessa ilesa”, ela murmurou, e então se virou para mim. “Eu preciso ir, mas ainda quero falar com você”. “Eu posso ajudar de alguma forma?” perguntei, seguindo-a nas minhas muletas. “Talvez apenas ouvir a historia deles? Se eu puder ajudar com qualquer coisa eu deixo você saber”. A francesa parou e olhou para mim, então relutantemente balançou a cabeça.  “Primeiro eu preciso informa-los sobre a morte do Agente Sanders, então questiona-los sobre qualquer coisa que eles saibam. Se eles disserem alguma coisa que você puder ajudar a identificar, eu te
informo”. Ela parou e então limpou a garganta. “Eu percebi que você era a parte prejudicada, mas apesar do seu, eh, desentendimento com o Agente Sanders, ele era um bom homem de família e oficial. Posso contar com seu silencio sobre a relutante participação dele nesse caso?”. “É claro”. O desespero no rosto do Agente quando ele apontou sua arma para mim surgiu na minha cabeça. Ele tinha sido colocado em uma situação sem saída, forçado a escolher entre sua família e nós. Apesar de tudo, eu podia entender porque ele nos atacou. Eu não transferiria o peso da sua reação para nenhuma família, especialmente alguém que poderia estar sendo mantida refém por Alexander Rush.  “Eu vou com você?”. “Não, fique aqui. Assim que alguém examinar você e Wilmer estiver bem o suficiente para sair, nós levaremos vocês dois”. Seus lábios se apertaram e ela me examinou de perto. “O que ele é para você?”. Eu escutei a clara insinuação na voz dela, mas já sabia minha resposta e tentei não parecer ofendida.  “Ele é um bom amigo. Nada menos, nada mais”. Marie pareceu desconfiada, mas assentiu.  “Eu sei que você insiste que está bem, mas peça para um médico examinar sua perna”. Meus lábios se contorceram para baixo, mas acatei sua sugestão e assenti. Enquanto Marie se afastava, um jovem médico, escoltado por outro Agente se aproximou de mim.  “Por aqui senhora”, ele disse, e eu o segui pelo corredor. O médico confirmou minha suspeita de distensão e apenas substituiu as ataduras. Meu pé ainda estava inchado, mas ele
explicou que a contusão era mais externa, devido ao trauma causado pela batida da viga na minha perna e menos de ter quebrado. Ele sugeriu um raio-X, mas reconheceu que como eu estava me movendo sem problemas e sem muita dor, provavelmente era uma distensão. A nova atadura protegeu toda a área, facilitando um pouco para caminhar, embora ele tenha me advertido a não fazer isso por enquanto. Wilmer ainda estava atrás das portas principais, provavelmente em cirurgia, quando eu terminei meu exame. Eu não tinha certeza quanto tempo fiquei sentada lá, mas apesar de tudo o que estava acontecendo, me permiti descansar os olhos por um instante. Muitas coisas estavam acontecendo ultimamente, muito perigo; então por esse breve momento eu me senti segura, e não queria abandonar esse sentimento. A dor de cabeça que sutilmente me assolava desde a explosão da cabana finalmente foi embora, e eu descansei minha cabeça contra a parede e fechei meus olhos. “Srta. Lovato?” Uma voz próxima me sacudiu do meu devaneio. Perto de mim estava outro médico, esse um pouco mais velho, olhando em volta com expectativa. Eu não tinha ideia de quanto tempo tinha cochilado, mas vi que os mesmo Agentes ainda estavam alinhados ao longo do corredor.  “Sim?” perguntei, ao me sentar. O médico olhou para mim e sorriu levemente.  “Seu amigo Wilmer está perguntando por você”. Isso me acordou completamente. Peguei minhas muletas e fiquei de pé enquanto o médico continuava a falar. “O sangramento dele não era grave, então pudemos controlar com uma pequena cirurgia. Ele ainda vai precisar repousar por um tempo”. A última parte parecia
estar sendo dirigida mais aos Agentes do que a mim. Uma senhora saiu do seu lugar na parede puxando um celular do seu bolso. “Ele vai ficar bem?” perguntei, atraindo a atenção do médico para mim. “Posso vê-lo?”. O medico assentiu. “Ele vai estar um pouco tonto por um tempo, mas sim, eu posso leva-la até ele”. “Posso ter um momento antes de você entrar?”. Eu olhei, para ver uma dos Agentes saindo do seu posto no corredor do hospital e vindo na minha direção.  “Agente Anderson”, ela disse em uma breve apresentação, me dando um rápido aperto de mão. Ela ignorou o médico e fez sinal para que a seguisse. “Agente Gautier gostaria de ter uma palavra com você”. A nova Agente tinha um sotaque americano, o que eu achei interessante. Eu a segui alguns metros pelo corredor entrando primeiro no quarto que ela indicou. Minhas experiências nas últimas semanas me deixaram nervosa por tê-la atrás de mim. Parte de mim queria confiar nela, mas eu tinha passado por muita coisa para ser tão irresponsável pela minha segurança. Mesmo agora, eu estava mentalmente catalogando tudo, tentando descobrir a saída mais rápida em caso de emergência. Eu imaginei se era assim que Joe se sentia o tempo todo. Nós paramos a poucos metros de distância, fora do alcance de qualquer pessoa próxima, e a Agente estendeu um celular na minha direção. Eu peguei e o coloquei na minha orelha.  “Sim?” “Eu tenho algumas perguntas para fazer antes de você ver Wilmer”. Eu senti como se ela estivesse me observando; e por tudo o que sabia, ela estava.  “Claro”.
“Eu falei com a viúva do Agente Sanders, e ela tem uma boa historia para contar. No entanto, eu também gostaria de ouvir a sua”. “Eu irei ajudar como puder, mas eu nem tenho certeza do que estava acontecendo. Joe nos levou para o subúrbio, trocando de carro assim que chegamos”. “Trocando de carro? Não, não importa. Vocês pararam em algum lugar? Encontraram alguem?”. “Apenas uma pessoa”, menti determinada a manter se possível Ethan fora disso. Joe não queria seu ex-parceiro nesse caso, e eu iria assegurar suas vontades. “Nós paramos em um pub e encontramos um homem chamado Ronny. Foi ele quem nos avisou sobre o suposto esconderijo de Rush, que veio a ser sua cabana”. “Você pode descrevê-lo?” “Baixo, magro, chato. Orelhas grandes, nariz grande, cabelo loiro e bagunçado como um boneco troll. Ele estava cheio de si até que Joe o pressionou e conseguiu a informação. Nós o encontramos em um velho pub em frente uma mercearia e uma lavanderia, mas eu não conheço a cidade. Joe poderia lhe dar mais informações, ele já chegou?”. “Um assunto de cada vez. Ele tinha sotaque?”. Mesmo que ela não pudesse me ver, dei de ombros.  “Eu poderia descrever como londrino, mas eu não poderia ser mais especifica do que isso. Eu definitivamente poderia reconhecê-lo fora da cena”. “Obrigada Srta. Lovato, é por nossa conta agora”. “Mas e ...” a linha caiu no meio da minha fala. “...Joe?”. Uma frustação me encheu sem deixar espaço para o medo. Respirando forte, eu devolvi o telefone para a Agente. “Por favor, me informe
assim que você puder se eles têm noticias de Joe”, pedi, minha voz rouca. A mulher ruiva assentiu, e eu deixei escapar uma respiração irregular. Engolindo meus medos, levantei meu queixo e segui o médico até um quarto próximo. Wilmer estava deitado na cama, e assim que eu entrei ele rolou sua cabeça para o lado.  “Ei”, disse forçando meus lábios em um sorriso. “Você esta horrível”. “O sujo falando do mal lavado”. Wilmer deu um sorriso cansado. “Estou feliz em ver você também. Onde nós estamos?”.  “Hospital. Por enquanto de qualquer maneira”. Suspirei e me sentei. “Como você está se sentindo?”.  “Pronto para dançar um jig. Ele mudou de posição na cama, empurrando-se para trás para ficar mais na vertical, então fez uma careta. “Bem, talvez apenas uma valsa”. Eu olhei para minhas mãos, mexendo nas minhas unhas, sem saber se ele estava confortável.  “Eu quero que isso acabe Wilmer”, murmurei, envolvendo minhas mãos em volta da borda da sua cama. “Eu quero ir para casa e esquecer que isso aconteceu”. “O mundo não funciona dessa maneira, infelizmente. Você não pode escapar do seu passado, apenas enfrenta-lo e esperar sobreviver a isso”. A certeza sombria na voz de Wilmer me dizia que ele já tinha passado por isso antes. Nossa situação era tão incerta, com muitas variáveis desconhecidas. Minha vida parecia uma zona de guerra, mesmo quando eu estava em solo seguro. Cada sentido
intensificado, minhas emoções muito próximas da superfície. Não tinha nenhuma maneira de saber onde o martelo iria cair. Um pequeno barulho no lado de fora da porta me fez pular na cadeira, e lancei um olhar preocupado para a entrada. Olhei rapidamente na direção de Wilmer e o vi me observando, então deixei meu olhar cair novamente para minhas mãos.  Ao meu lado, Wilmer suspirou.  “Eu queria poder dizer a você que tudo vai ficar bem. Seria uma mentira simples, especialmente vinda de mim, certo? Mas levando em conta tudo o que você sabe sobre a situação, você acreditaria em mim?”. Não. Mentiras não importam o quanto são bem intencionadas, são inúteis. As apostas eram muito altas e muito pessoais para dar algum conforto vindo de promessas vazias. Eu continuei olhando para meus dedos e o silencio se prolongou entre nós. Uma escuridão negra brotou dentro de mim, drenando todas as boas memórias que eu ainda tinha. “Demi, olhe para mim”. Eu arrastei meu olhar relutantemente para vê-lo me observando, a cabeça inclinada para o lado. A cicatriz em seu rosto se destacou em contraste com sua pele pálida, mas seus olhos azuis esverdeados estavam alerta, como sempre. A aparência suave e sofisticada que lembrava o ex-traficante tinha desaparecido; aqui estava alguém cujo cada centímetro precisava estar no hospital. Ele levantou a mão, gesticulando com os dedos na minha direção. Relutantemente, eu levantei minha mão para ele, que a cobriu com as suas.  “Demi Lovato”, ele disse com uma voz solene que eu nunca tinha escutado sair dos seus lábios. „Eu prometo que vou fazer tudo o
que eu puder para deixar você e meu irmão em segurança. Você me entendeu?”. Você também. Eu não poderia suportar a ideia de perder o arrogante, irritante homem que estava diante de mim. Espontaneamente, eu me inclinei para frente, removendo minha mão das suas, colocando seu cabelo rebelde atrás de sua orelha. As palavras de Wilmer se perderam no silêncio; sua garganta vibrou silenciosamente com o meu gesto, aqueles olhos brilhantes cavando buracos em mim. Ele parecia pronto para perguntar alguma coisa, mas alguém bateu na porta atrás de mim, assustando nós dois. Engolindo em seco, abri a uma fresta para espiar lá fora. A Agente com quem eu havia falado mais cedo estava parada na entrada.  “Eu pensei que você deveria saber”, ela disse em voz baixa, alto o suficiente para que eu pudesse escutar. “Eu soube pela Agente Gautier. A equipe que ficou na cabana não tem entrado em contato há mais de uma hora. Nós não temos ideia de onde eles estão”.           
Nota da Autora: Jig – dança típica irlandesa.

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