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O Que Você Quiser - Capitulo 42

Capítulo 42 

O primeiro buquê de flores chegou na minha mesa, três meses depois. “Parece que alguém tem um admirador secreto", brincou Amanda enquanto eu olhava para o arranjo com surpresa. "Isto é para mim?" "É o que o cartão diz. Então fale: quem você está namorando?" Eu alcancei o pequeno envelope, arrancando-o. Realmente dizia o meu nome nele, e estava escrito no pequeno cartão dentro uma mensagem de quatro palavras que fez meu coração palpitar: Eu não esqueci você. “Demi? Parece que você está prestes a chorar. O que diz, é algo bom? Posso ver?” Peguei a nota, colocando-a distante, onde ela não poderia pegá-la, dando-lhe um olhar divertido. "Você não deveria estar jogando conversa fora com os canadenses?” “Bem, era sobre isso que eu vim falar com você. Eles são de Quebec e falam mais francês do que Inglês, então eu pensei que eles gostariam se alguém pudesse acrescentar algo mais, além de apenas o inglês.” Ela me acotovelou, acrescentando ênfase. "Como você sabe que eu falo francês?” "Eu vi você com aquele casal haitiano no mês passado, mais eu li na sua ficha. Você é mesmo de Quebec, assim você poderia perfeitamente se relacionar com esses caras. Ou você pode fingir que você é - talvez você até seja - uma irmã perdida deles ou algo assim!”
“Isso não é o seu trabalho?” Eu perguntei, balançando a cabeça e sorrindo.  Amanda Reed ajudou a conseguir a arrecadação de fundos para o The Hope Doctors Network, o qual funcionava em meu pequeno escritório satélite no Brooklyn. Era uma instituição de caridade pequena, fundada pela minha amiga Cherise, cujo marido trabalhava como médico em Bornéu. Quando eu a enviei um e-mail perguntando-lhe sobre opções de carreira, ela conseguiu me encontrar um trabalho, em um escritório na área de caridade. Aparentemente, eu já tinha conhecido o fundador da caridade em um jantar anterior, onde eu havia ajudado Cherise a arrecadar dinheiro, o que ajudou a lubrificar as engrenagens e obter-me o trabalho. No meu primeiro dia, eu já sabia que eu havia encontrado minha vocação. Eu tinha muito trabalho, todos os dias, mas eu nunca havia antes sentido tanto orgulho no meu trabalho. "Vamos Demi. Por favor, por favor, eu realmente preciso de ajuda!” Amanda me lembrava muito a Cherise, com sua constante e borbulhante animação, a qual nunca sabia quando parar. Ela era jovem, recém-saída da faculdade, com o cabelo vermelho curto e sardas por todo o rosto. Seu rosto sempre com um sorriso e, eu descobri rapidamente que ela era muito difícil de ser dobrada quando queria alguma coisa. Perfeito para alguém cujo trabalho era solicitar doações para uma instituição de caridade. “Ok, tudo bem”, eu disse finalmente, “Me convenceu eu vou com você, caramba.” "Você é um salva-vidas, muito obrigada, obrigada, obrigada! Ela olhou por cima do meu ombro novamente. “Então, o que ele diz? Vai, não é um segredo de Estado, é?”
Eu apenas lhe dei uma piscadela e coloquei o cartão no bolso. Seu rosto imediatamente caiu, drasticamente. "Ahhh, vai, por favor, por favor, por favor?” “Quantos anos você tem, dez?” Ela sorriu para mim. “Somente às sextas-feiras.” Revirei os olhos, mas peguei meu casaco e a segui para fora. As flores continuaram a chegar regularmente depois daquela vez, às vezes grandes buquês, às vezes uma única rosa. Amanda continuou a me incomodar sobre de quem eram, mas eu não contei a ela, principalmente porque eu não queria ter esperanças.  O trabalho passou rápido como a primavera ate começar a descongelar o último floco de neve e as perguntas foram diminuindo, ja que ela se ausentava mais do escritório. Eu não via nenhum sinal do próprio Joe, mas as flores continuavam a vir, cada vez mais bonitas com o verão se aproximando. Mesmo quando minha mesa estava cheia de cores e cheiros maravilhosos, eu não podia me desfazer delas ate que elas ja estivessem murchas. Então, um dia, um pequeno pacote com o meu nome chegou com as flores. “Oh, o admirador secreto mudou de estratégia!” Amanda inclinou-se sobre a minha cadeira. “Hum, uma empresa de títulos? Como isso pode ser sexy?” Franzindo a testa, eu abri o envelope, retirando o que havia dentro. Era uma espessa pilha de papéis, grampeado junto com notas coloridas, visíveis ao redor das margens. Um endereço familiar mais ao alto da página imediatamente chamou minha atenção. A sala em volta de mim começou a girar, e eu estava feliz por estar sentada.
Amanda se inclinou para perto. Ela franziu o rosto enquanto lia sobre o meu ombro. “Que cidade e essa?" Eu cobri minha boca em choque. “Eu estou recebendo minha casa de volta.” "O quê! Seu admirador secreto comprou para você uma casa?” Folheei a papelada para ver o meu nome em quase todas as páginas. Pequenas notas indicavam os lugares em que eu precisava assinar, um papel grampeado na pasta era um cartão de visita de uma empresa de títulos local. Vasculhando, eu fui para uma página que continha fotos da avaliação, e eu tive que cobrir a minha boca para não gritar. "Linda casa", Amanda disse, inclinando-se mais perto. “Caramba. Será que realmente é sua agora?” “Como é que isso chegou?”  Nunca tinha me ocorrido perguntar quem entregava os meus pacotes a cada dia. Amanda pareceu surpresa com a pergunta, mas deu de ombros. “Alguma empresa de entrega eu suponho. Ei, onde você está indo?” Deixei o pequeno escritório quase correndo, ignorando o elevador e indo direto para as escadas.  Já havia se passado meses desde o incidente da ponte, mas meu tornozelo ainda doía enquanto eu avançava os três lances de escadas. Eu não tinha certeza do que iria encontrar, mas quando cheguei até o nível da rua, fiquei desapontada ao descobrir nada fora do comum. Olhei para os dois lados da calçada, tentando encontrar alguém com a altura e estrutura de Joe. Poucas pessoas estavam andando ao redor desta área da cidade, e nenhum deles se parecia em nada com um bilionário.
Um nódulo duro estava na minha garganta. Peguei meu celular e olhei para ele por um momento. Nele continha, entre meus contatos de trabalho, o número de telefone do homem que podia responder a todas as minhas perguntas. Eu tinha quase certeza de que ele tinha feito isso por mim, quem mais eu sabia que poderia me comprar uma casa? Mas por qualquer razão ele optou por não se apresentar. Eu considerei encontrar o número e chamá-lo, antes de lentamente guardá-lo. Eu ainda tinha meu orgulho. Havia enfrentado uma verdadeira batalha recentemente, mas eu estava devagar, juntando os pedaços da minha vida. Eu sabia que tinha cometido erros, e parte de mim se arrependeu do jeito que eu tinha deixado Joe, em seu apartamento em Manhattan. Não havia maneira de desfazer as minhas escolhas neste momento, apenas conviver com elas. Envolvendo o meu casaco em volta do meu peito, dei uma última olhada ao redor da área antes de voltar para o meu escritório. 
*** 
Poucos dias depois de receber o envelope, eu recebi um convite no meu apartamento para um evento em memória de Wilmer James Jonas. Eu olhei para a folha de papel cinza por alguns minutos, em seguida, coloquei cuidadosamente de volta, dentro do envelope e deixei sobre o balcão. Olhei em volta do meu apartamento, enquanto enxugava as lágrimas. Meu trabalho mal pagava o aluguel daqui, mas era em um edifício tranquilo e em um bairro decente. Mesmo se eu não tivesse pego este trabalho, eu poderia ter ficado aqui por um ano com o que eu tinha guardado no banco. Depois de
tudo que passei para manter minha cabeça acima da superfície, era bom ter um fundo de emergência caso fosse necessário. O evento em memória era em quatro dias e eu sabia que não iria perder. Eu não tinha recebido nenhuma noticia desde que deixei o caso, e não tinha ideia em que pé estava. Eu não tive noticias de Marie ou de qualquer outro escritório do governo, então eu não tinha certeza se eles encontraram o corpo de Wilmer, ou se eles simplesmente haviam desistido de procurar. Eu supunha que em quatro dias, eu descobriria O excelente tempo no dia do memorial desmentia a ocasião sombria. Wilmer, se estivesse ali, provavelmente teria dito algum gracejo espirituoso sobre a primavera em Nova York. Ele provavelmente teria apreciado isso mais do que a chuva, de qualquer maneira, mas parecia estranho lamentar em um excepcional e ensolarado dia de primavera. Como eu esperava, havia segurança na entrada e eu mostrei-lhes o meu convite. Eles permaneceram um tempo olhando para um tablet, eu assumi que havia uma lista de convidados e, em seguida, o guarda finalmente balançou a cabeça. “Eu não vejo o seu nome aqui, Sta. Lovato”. “Ela está comigo.” Joe dirigiu-se a nos, de dentro do pavilhão, e eu respirei fundo, bebendo da sua visão. Seu cabelo estava comprido e não com um corte, como antes, as pontas escovavam a parte superior de sua camisa. Ele parecia bem, mas eu ainda podia ver as linhas rosada em seu rosto, as cicatrizes deixadas pelas mãos de Rush. Uma bengala estendida em uma mão, comprovava que ele continuava no caminho para sua
recuperação. "Senhor, ela não está na lista.” “Você pode ver isso lá em cima com a minha mãe.”  Ele passou pelos dois homens na entrada, movendo-se até o meu lado, oferecendo me o braço. Eu hesitei somente um momento antes de tomá-lo, e me permiti ser escoltada ate o interior do pavilhão. "Acho que sua mãe retirou o meu nome?” Minha voz não estremeceu, o que eu contei como uma pequena vitória. "Apesar do que ela pensa ou faz, você é minha convidada e bemvinda aqui.” Caminhamos lentamente através de um pequeno corredor por trás da entrada antes de emergir para fora em um verdadeiro paraíso. “Oh,” eu disse, ofegante, enquanto olhava para a grande área. Flores e grandes árvores foram quase artisticamente espaçadas e passarelas estreitas pavimentavam através das áreas principais de colinas verdejantes, perfeitas para um piquenique. "É uma área privada, usada principalmente para casamentos e festas. Costumávamos vir aqui quando eu era jovem. Apesar dos melhores esforços do meu pais, em contrário, eu ainda tenho boas lembranças deste lugar.” "É lindo.” As árvores aqui estavam em plena floração, um mês antes da maioria dos outras que eu tinha visto na cidade. O Inverno tinha sido longo e foi bom ver sinais de seu final. Mordi o lábio, e depois coloquei a mão no seu braço. “Como você tem passado?” “Cada vez melhor, apesar do que parece.” Ele fez um gesto com a bengala. “Minha mãe acha que isso é só para eu ficar mais leve e sofisticado.” Ele colocou-a no chão empurrou o queixo para cima, fazendo uma pose. “Você não concorda?”
Eu não podia acreditar que eu estava tendo essa conversa com Joe, eu sorri para ele, ele parecia muito mais tranquilo do que eu me lembrava, como se não houvesse mais peso o puxando para baixo, por algum stress invisível. “Você sempre foi sofisticado”, eu disse, batendo-lhe com o meu ombro. “Um pouco mais leve do que um touro em uma loja de porcelana”. “Anotado”. Enquanto o jardim ocupava uma grande área, apenas uma pequena porção no fundo estava sendo utilizada para o memorial e a recepção mais tarde. Os convidados, nenhum dos quais eu conhecia, misturavam se entre si, e fiquei agradecida quando Joe nos conduziu em torno dos vários grupos. Eu vi uma mulher magra, toda vestida de preto à vista, um chapéu empoleirado no topo de sua cabeça com um delicado véu sobre o rosto. Mesmo a partir de seis metros de distância, eu podia sentir o olhar de desaprovação de Georgia Jonas, que não se aproximou e eu não me importei  Eu fui convidada, eu estava aqui, e ela teria que lidar com isso. O memorial foi curto, com apenas algumas pessoas em pé para dizer algumas palavras. Joseph falou, disse em termos gerais, sobre quando seu irmão era mais jovem. Eu pensei brevemente em ir até palco e dizer algo, mas percebi que eu não o conheci o suficiente para elogiar ou louvar as suas virtudes. Algo me disse que eu provavelmente o conheci melhor do que várias das pessoas presentes. Logo em seguida, várias pessoas se aproximaram de Joe, claramente querendo falar com ele.
Ele educadamente se desvencilhou de todos e me puxou pela multidão. Lembrei-me de como, uma das últimas vezes que eu tinha visto Georgia Jonas, ela tinha enfrentado acusações de vender o acesso ao seu filho bilionário. Certamente ela não faria uma coisa dessas no funeral de seu outro filho. Então, novamente, eu coloquei essa mulher horrível no passado. “Caminha comigo?” De braços dados, nos distanciamos do grupo, avançando para o parque. Uma fileira forrada de flores fluiu através do centro, preguiçosamente sinuosa através das colinas verdejantes.  Assim que nos movemos, eu ouvi risos de crianças nas proximidades. “Todo este jardim é parte de um grande parque privado", disse Joe, como se estivesse respondendo a minha silenciosa pergunta: “mas a entrada lá atrás não é o único caminho para dentro.” Uma corredora passou por nós, com um cachorro em uma coleira curta mantendo o ritmo. No final de uma pequena estrada era o playground, onde eu vi de onde o riso vinha. Havia poucas pessoas ao nosso redor, dando um sensação de privacidade com muito espaço. “Eu já te disse que mulher incrível você é?” Engoli em seco e olhei para ele. Penetrantes olhos verdes olhavam através de mim, e eu limpei minha garganta. “Não", eu disse, tentando manter meu tom leve”, mas você pode continuar a falar.” Sua risada aqueceu meu coração, e eu apertei seu braço por alguns instantes.
”O que você tem feito?”, ele me perguntou enquanto nós continuamos a andar. "Trabalhando, principalmente, e eu acho que você sabe onde é.” “Ah, então você recebeu meus pacotes.” “Se por pacotes, você quer dizer flores, então sim. Elas são lindas". Eu limpei minha garganta novamente. ”E eu não sei como lhe agradecer por... o presente maior.” “Apenas me diga que você não vai recusar." Surpreendentemente eu comecei a rir. “Eu não tenho tanto orgulho, eu vou tê-la de qualquer maneira que eu puder.” Eu coloquei minha cabeça em seu ombro. “Obrigada.” “Você está saindo com alguém?” É uma pergunta ousada, tão direto como sempre. Eu meio que esperava por isso, eventualmente, no entanto, eu balancei a cabeça. “Não da maneira que você pensa, apenas uma terapeuta toda semana. Ela me ajudou muito.” “Ajudou como?” “Lidar com a PTSD.” Se o conhecimento o surpreendeu, ele não mostrou. Eu não lhe contei sobre os ataques de pânico ou os pesadelos; agora não era o momento, e mesmo assim eles vinham menos frequentes nas últimas semanas. Nós caminhamos em silêncio por algum tempo, em direção a uma ponte de pedra. Paramos perto de um homem velho que alimentava pombos sentado em um banco do parque e uma família que brincava com um bebê em um cobertor. Joseph deixou meu braço ir, inclinando-se contra o muro. “Eu sinto falta do meu irmão.” Minha garganta fechou com o sentimento.
“Eu também.” "Ele podia ser um idiota às vezes, mas... Você sabe que ele me salvava o tempo todo da raiva do meu pai? Ele era bom em distrair o Paul, dizendo as coisas erradas na hora certa e desviando qualquer punição para ele.” Eu me mudei e passei meus braços em volta dele, dando um beijo em seu ombro. “Ele te amava.” “Eu sei. Mas eu não sei se ele percebeu que eu sentia o mesmo ou o quanto.” "Eu acho que ele sabia.” Eu peguei uma das mãos de Joe e a puxei, até que ele se virou para mim. Alcançando uma mecha escura de cabelo, eu a tirei de seu rosto, passando meu polegar sobre a cicatriz rosa. Ele estendeu a mão e segurou meu pulso, pressionando a palma da minha mão contra sua bochecha. "Você sabe o quanto eu te amo?" Deixei escapar um pequeno suspiro, sentindo, de repente, lágrimas correndo dos meus olhos. Arrastando uma respiração irregular em torno da emoção que ameaçava me sufocar, eu balancei minha cabeça. Sua outra mão segurou meu rosto, os dedos traçando o contorno do meu rosto. “Eu amo, você sabe” ele murmurou. “Eu soube quando eu te vi chegar até a borda para saltar, e acho que ainda antes disso.” Um canto de sua boca inclinou-se. “Eu acho que já sabia quando você era aquela menina em um elevador cujo olhar tímido me fazia selvagem."
Ele enxugou uma lágrima que vazou através dos meus cílios, dando um passo mais perto de mim. A muleta, esquecida agora, caiu no chão. Ele se inclinou para perto e deu um beijo na minha testa. “Eu sempre achei que as palavras eram desnecessárias, até mesmo banais, se o sentimento está lá, por que você precisa nomeá-lo? Mas se perder Wilmer me ensinou alguma coisa, é que eu preciso dizer as palavras que eu tenho certeza que elas significam.” "Então, Demi Lovato, quero que saiba que eu sou completamente e totalmente apaixonado por você." "Por quê?" Eu poderia ter me chutado para uma pergunta tão boba, mas Joe, inclinou a cabeça para trás e riu. Olhei, percebendo que eu nunca o tinha visto tão feliz antes. Ele se aproximou, acariciando meu rosto novamente, tocando, mas não me segurando. “Porque você é forte, você é corajosa, e você coloca os outros em primeiro lugar. Porque você é linda por dentro e por fora, e alguém que eu considero meu igual, e que eu fui estúpido de deixá-la sair por aquela porta aqueles meses atrás." "E Wilmer?" Minha voz saiu num sussurro, mas Joe só balançou a cabeça. “Eu não sou alguém que pode jogar pedras nos erros. Como meu irmão provou, a forma como lidei com Anya e com ele mesmo, eu fiz mais do que uma parte justa.” Ele acariciou minha sobrancelha com o polegar, e eu me inclinei em sua mão. "Você vale a pena lutar, e eu sinto muito por ter deixado que você saísse pela minha porta."
Lágrimas riscaram meu rosto enquanto eu tocava seu rosto, consciente das novas cicatrizes ainda curando lá, então disse com a voz embargada: “Agora acho que isso não foi tão difícil, foi?” Joe riu novamente, e então me puxou para perto. Eu passei meus braços em volta dele, enterrando meu rosto no seu casaco. “Eu te amo", eu murmurei contra ele, e senti seus braços apertarem em volta de mim. Senti algo úmido contra minha bochecha, e por um momento pensei que era uma lágrima. Quando senti outro, depois outro na minha mão, eu me afastei e olhei para cima. Desde que eu cheguei no parque, o céu acima tinha ficado nublado novamente, e eu senti uma gota de chuva batendo no meu rosto. "Você quer voltar ao evento?” Joe perguntou quando eu coloquei a mão estendida, testando a velocidade das gotas de chuva. "Eu gostaria de ficar aqui, na verdade.” As nuvens ainda não haviam bloqueado a luz do sol, apesar de terem se dirigido nessa direção. “Eu gostaria que tivéssemos trazido um guarda-chuva, porém, apenas no caso da chuva começa a cair." "Eu volto logo em seguida." "O quê? Não, não podemos voltar, sua perna..." "Demi. Fique aqui.” Ele levantou meu queixo até que eu o encarasse. “Eu volto logo, não será mais do que um minuto ou dois.” Eu vi seus lábios se movendo, ouvindo, mas realmente não prestei atenção em suas palavras. A fome familiarizada varreu-me, e eu me inclinei para frente os últimos centímetros, pressionando seus lábios nos meus. Imediatamente ele me apertou contra ele, sua boca tomando o controle do beijo, e eu derreti em seus braços. Eu tinha
esquecido o quão bem o homem beijava, ele deixava o meu corpo em chamas, alternadamente mordiscando meu lábio inferior, em seguida, me provocando com sua língua. Quando nós finalmente separamos, eu estava respirando com dificuldade, e não apenas da falta de oxigênio. Ele bateu na ponta do meu nariz com um dedo. “Volto já". Suspirando eu corri para um banco do parque nas proximidades e me sentei. Ao meu lado, um cavalheiro mais veho espalhava algumas sementes para os pássaros na frente dele. Pombos principalmente o cercaram, mas chegaram alguns passarinhos e pardais na mistura. "Você gostaria de tentar?" O velho tinha um forte sotaque da Nova Inglaterra, mas parecia bastante decente. Eu olhei para o saco hesitante, depois dei de ombros e concordei. ”Claro." Ele derramou um pouco de semente em minha mão e nos revezamos jogando fora pedaços para os pássaros bicando a chão. “Parece ser um homem jovem e bonito que você conquistou ali", disse ele depois de um momento. "Eu acho que ele é um protetor.” Olhei ao redor do parque, com um sorriso fixo em meus lábios. “O caminho até este ponto não foi fácil." "As melhores coisas da vida são raras. A partir daquele beijo, seu namorado parece estar muito apaixonado por você, também.” Ele balançou as sobrancelhas grossas sugestivamente, fazendo-me corar, e, em seguida, olhou para o relógio.
"Aqui", ele disse, entregando-me o saco de sementes, “Eu acho que você pode usar isso mais do que eu. As aves ainda são estão com fome e eu preciso terminar minha caminhada." "Obrigada...” Eu parei, quando eu encontrei o olhar do velho. Olhos azul-esverdeados brilharam para mim, e por um breve momento eu esqueci de respirar. "Eu ouvi o que ele disse a você", o velho continuou, olhando ao redor do parque enquanto eu lutava por palavras. “Eu aposto que seu irmão teria gostado de ouvir isso.” Ele lambeu um dedo e colocou para cima como se estivesse testando o tempo. Como se pela sugestão, a chuva começou a descer progressivamente mais forte. Eu a senti começar a escorrer pelo meu couro cabeludo e no meu rosto, mas não consegui quebrar o meu silêncio atordoado. Ele sorriu para mim com dentes retos e brancos. “Agora este é mais o clima para um funeral. Muito sol, e os mortos são susceptíveis de levantar-se só para aproveitar o dia." Eu assisti, com a boca entreaberta, quando o velho levantou-se e espreguiçou-se. “Muito prazer, senhorita", disse ele para mim, piscando o olho. “Talvez nós vamos nos ver novamente algum dia?" Nenhuma palavra sairia, mas quando ele começou a se afastar eu pulei para os meus pés. “Espere! Joe, ele gostaria..." "Ele é um homem bom, e ele te adora.” O homem desviou o olhar para baixo na direção que Joe tinha desaparecido apenas um minuto antes. “Cuide do meu irmão. E diga-lhe...” Ele fez uma pausa, e então sorriu. “Diga a ele para parar de ser uma pessoa retógrada."
"Ele está progredindo.” O sorriso que iluminou meu rosto não poderia ser regulado; minhas bochechas praticamente doíam da expressão. “Você ficaria orgulhoso dele." "Tarde demais, eu já sou. Cuide de si mesmo, Demi.”  Ele se esticou, quando ele se levantou e sacudiu suas mãos, em seguida, os ombros se inclinaram de repente, como se com a idade. Ele olhou para todo o mundo como qualquer homem mais velho indo embora em um casaco de lã e calças de golfe. Ele começou a assobiar uma melodia alegre enquanto ele desaparecia sobre a ponte e em um espesso bosque de árvores. Sentei-me de novo, incapaz de tirar o sorriso do meu rosto. Eu jogava um pouco de semente para as aves quando Joe virou a esquina, o guarda-chuva estava aberto em cima dele. “Você parece feliz", disse ele, estendendo o guarda-chuva para me cobrir. Seus olhos viajaram para o saco de papel em minhas mãos e viu como eu agitava algum do seu conteúdo para o chão. “Semente para pássaro?", ele perguntou. "Você não acreditaria em mim se eu lhe dissesse.” Eu enfiei a mão dentro do saco por mais sementes e senti algo grande e pesado sob as sementes. Franzindo a testa, eu o puxei para fora e segureio contra a luz. Era um anel masculino com uma pedra preta e faixa grossa. Havia uma inscrição no interior que estava desgastada com a idade. "O que... Deixe-me ver isso." Eu entreguei a Joe, e vi quando ele o examinou de perto. “Audentes fortuna iuvat.” Ele olhou de mim para os pássaros. "O velho?" Quando eu assenti, Joe olhou ao redor do parque, mas quando ele começou a se afastar Eu agarrei sua mão.
“Você não vai encontrá-lo." Joe parou, com as mãos enrolando em punhos.  “Por que ele não me contou?" "Ele acabou de fazer.” Eu puxei a manga até que Joe finalmente olhou para mim. “Ele também ouviu tudo o que você me disse." Por um momento, eu pensei que ele iria a caça de qualquer forma, tentar seguir atrás de seu irmão. Finalmente no entanto, Joe sentou-se ao meu lado, girando o anel mais e mais em suas mãos. Olhei para ele com curiosidade.  “De quem é?" "Ele pertencia a nosso avô, mas desapareceu na mesma época que Wilmer. A inscrição significa: A sorte favorece os corajosos.” Ele olhou para o anel por um pouco de tempo, e então olhou para mim. “Ele ouviu tudo o que eu disse?" Quando eu balancei a cabeça, um sorriso divertido surgiu no rosto de Joe. “Deus". Ele deslizou o anel em seu dedo, em seguida, ficou de pé e estendeu a mão. “Vamos dar um passeio." Eu passei minha mão na sua mão quente, levantando-me e aproximando para bem perto dele. Inclinei minha cabeça, deitando em seu braço e vi quando ele entrelaçou os dedos nos meus. A chuva batia contra o material fino do guarda-chuva enquanto as pessoas em volta de nós corriam para se esconder, mas nós apenas continuamos abaixo pelo caminho, felizes com o momento não importando o que os céus atiravam sobre nós. 
Nota da Autora : PTSD: distubio de estresse pós-traumático

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